Viajar na Idade Média

Sinopse

«As viagens constituem nos dias de hoje uma prática e um saber essenciais, adquirindo a justa dimensão civilizacional de um facto social total.
Conotadas com as migrações e o turismo, o trabalho e o lazer, integram as economias, as políticas, os quotidianos e o imaginário de todas as comunidades que partilham e protagonizam a actual era da globalização.
Contudo, apesar da sua relevância, ainda não constituem um tema suficientemente estudado pelos historiadores. Sobretudo os que se dedicam ao conhecimento do passado anterior à redescoberta dos caminhos e dos contactos que permitiram, a partir do século XVI, colocar em diálogo e interação permanentes as experiências e os legados culturais antes desenvolvidos por povos e sociedades estabelecidas em distintos continentes e
oceanos.
É sobre esses tempos que se ocupa o presente ensaio. Centrado na análise de um texto produzido na Península Ibérica de Trezentos, o chamado Livro do Conhecimento, procura questionar como a sociedade hispânica da Baixa Idade Média, em grande parte herdeira de um passado marcado pelos estreitos contactos nela mantidos, desde há muito, entre
civilizações europeias, asiáticas e africanas, já concebia o mundo então conhecido como um espaço capaz de ser geográfica e politicamente inventariado, e, como tal, capaz de ser descrito, percorrido e itinerado, desde as ilhas atlânticas às do Pacífico, desde a Escandinávia à África Negra, desde a China às Ilhas Britânicas.» in Prefácio