Sinopse
Foi há catorze anos. Em Julho de 1974, menos de três meses após a Revolução do “25 de Abril”, o Primeiro-Ministro do I Governo Provisório demitiu-se. Foi o choque que ficou conhecido como “a crise Palma Carlos”.
Os jornalistas “assaltaram” o Palácio de Belém para saber o “porquê”. Sabiam o quem, o onde, o quando, o como … mas não sabiam o porquê. O Prof. Palma Carlos respondeu-lhes: “Vão à bruxa”.
Catorze anos depois, a Jornalista Helena Sanches Osório conseguiu o que ninguém pensava ser possível saber-se em vida dos protagonistas da História. Da nossa História recente: o Prof. Doutor Adelino da Palma Carlos, Primeiro-Ministro do primeiro Governo saído da Revolução, demitiu-se por “não querer morrer como traidor à Pátria”.
A descolonização tal qual foi feita significou, para Palma Carlos, uma traição. Com ele solidarizaram-se Sá Carneiro, Firmino Miguel, Vieira de Almeida e Magalhães Mota. Os outros não.
«Qual o segredo do sucesso de um homem feliz em Portugal, país que não perdoa o riso, a boa disposição, o senso de humor e muito menos a irreverência e a frontalidade? Antes de mais, Adelino da Palma Carlos impôs-se pela sua sagacidade e um trabalho metódico e dirigido. Sente-se que a sua profissão é a base sólida e nunca descurada de uma arquitectura que cresceu muito para além daquilo que um homem comum pode construir. A partir daí o Mestre deu cartas e foi solicitado nos mais diversos campos para desempenhar lugares de alta responsabilidade, incluindo o cargo de Primeiro-Ministro no mais crucial momento dos últimos 60 anos. Nem honras, nem bajulações o fizeram perder o sentido da realidade. Pés bem assentes na terra, Palma Carlos olha, desde sempre, para o Mundo, sem ilusões mas também sem cepticismos. Não pede aos homens mais do que eles podem dar e tem mesmo a receita da medida exacta de cada um, incluindo a sua própria. Talvez por isso o seu tiro seja tão certeiro e os resultados que obtém tão espetaculares. De uma solidez impressionante, inspirou e inspira confiança a muitos políticos que, em horas de aflição, o escolheram como patrono. A todos acudiu, por todos se esforçou e os dividendos que recolheu foram os de uma experiência mais, vivida com gosto. Como ele ama a vida e como ela lhe retribui… Como salta, divertido, de um tema para outro, com uma vivacidade, uma perspicácia e capacidade de observação que não perdoa… Só os tontos e preguiçosos com pretensões o aborrecem e então não os poupa, seja qual for o seu destaque na vida político-social. Para uma jornalista habituada às cobardias, meias palavras e intrigas dos políticos, estas Conversas com Adelino da Palma Carlos foram um bálsamo e um deslumbramento de autenticidade. Esta foi uma oportunidade única de saber o que — talvez nesta geração — mais ninguém tenha a coragem de dizer. o verso de Sá de Miranda que titula este livro — “Um só rosto, uma só Fé” — aplica-se como uma luva ao distinto advogado, ao ilustre Mestre de direito processual, ao político realista. Mas, este livro só foi possível por uma razão tão simples quão simples, apesar de tudo, é Palma Carlos: “Quem não deve não teme”.»
