Sinopse
Timor Loro Sae*: 500 Anos é a primeira história dessa pequena ilha no Sudeste asiático publicada em língua inglesa (e agora traduzida para português), em forma de livro.
Baseando-se em variadas fontes em línguas europeias e arquivos Gunn apresenta-nos uma perspectiva colateral sobre o funu timorense – ou a arte da guerra -, e as incursões dos forasteiros.
O caso de Timor, analisado ao longo de muito tempo, situa-se fora do modelo clássico de uma pacificação colonial, de cobrança de impostos e mission civilitrice.
Muito pelo contrário, tal como esta obra nos explica, Timor e o arquipélago Flores-Solor funcionaram como um centro de recolha de comércio sazonal do muito apreciado sândalo de Timor efectuado por chineses, macaenses, portugueses e outros. A partir do século XVI até meados do século XVIII, portugueses e holandeses contentaram-se em receber tributo dos timorenses em troca de promessas de lealdade. É também verdade que a partir do estabelecimento de um florescente sistema de plantação de café pelo governador português Afonso de Castro nos anos 1860, as condições pelas quais Portugal governava o território passaram a ser postas em causa.
Mas, ter-se-ão devido exclusivamente a uma atitude contra a cobrança de impostos as rebeliões que abalaram a ilha nos séculos XIX e inícios do XX? Terá a grande revolta de Boaventura, nas primeiras décadas deste século, lançado as sementes do nacionalismo timorense? Ou será que esta e outras rebeliões deverão ser explicadas como uma versão do funu timorense?
Terá o colonial-capitalismo na colónia Portuguesa lançado as bases para um estado independente viável? Ou, finalmente, foi Timor, mais do que colónia, governado como um protectorado? Perante o papel missionário que a igreja católica desempenhou durante tanto tempo em Timor, de que forma podemos avaliar a tradição timorense? O que constitui identidade timorense? E, na verdade, como é que se reacendeu o funu timorense, talvez reformulado e reimaginado, no seio da juventude de Timor perante a ocupação assassina e genocida dessa nação de meia-ilha?
São estas e outras as questões propostas por esta obra, para pontos de debate quer por timorenses quer por forasteiros, numa altura em que a questão da autodeterminação atingiu a massa crítica, e especialmente à luz do turbilhão político e económico que assola a Indonésia desde 1998.
“Loro Sae” ou “Lorón-sae” significa simplesmente leste em Tetum, ou, como Raphael das Dores indica no seu Diccionário Teto-Português (Lisboa, 1907), “Este, Leste, Levante, nascimento do Sol, Oriente”.
Do Índice:
– Introdução;
(Rebelião, Historiografia, Períodos E Notas)
– Capítulo 1 – A Sociedade Timorense
– Capítulo 2 – O Descobrimento De Timor
– Capítulo 3 – A Ilha De Santa Cruz
– Capítulo 4 – A Rebelião Topasse E O Cerco De Lifau
– Capítulo 5 – Dili: A Fundação
– Capítulo 6 – O Processo Colonial Em Timor Português No Século XIX
– Capítulo 7 – A Rivalidade Luso-Holandesa Em Timor
– Capítulo 8 – As Revoltas Contra Os Impostos (1860-1912)
– Capítulo 9 – A Revolta Dos Manufaistas
– Capítulo 10 – Capitalismo Colonial Em Timor Português (1894-1941)
– Capítulo 11 – Entre As Duas Guerras: Cultura, Controlo E Dissuasão
– Capítulo 12 – Timor Em Tempo De Guerra: 1941-45
– Capítulo 13 – Capitalismo Colonial E Subdesenvolvimento No Pós-Guerra Em Timor
– Capítulo 14 – Mudança Política E Descolonização
– Conclusão – O Futu Timorense
(Epílogo; Invasão e resistência; Notas;)