Textos de Circunstância

Sinopse

«Os textos que aqui se reúnem foram realmente uma «circunstância» crítica ou atitude assumida no percurso literário, tão irregular, mas rico, de Luiz Pacheco, São textos de um tempo nebuloso e incómodo («quando até os mortos votavam») ou de um tempo diferente, fruto esperançoso de uma «abrilada» que não foi até onde devia ir («chegando aqui, desmobilizam-se as consciências, sente-se um vazio, uma tristeza, uma injustiça, a descrença») — como o leitor facilmente compreenderá.

Reeditar alguns destes escritos ou incluí-los pela primeira vez em livro foi tarefa que ao editor se impôs, sem qualquer espécie de receio ou dúvida, apenas porque
a qualidade dos textos (mesmo irregulares ou até por vezes inconsequentes) justificam e bem a presente edição.

Textos de Circunstância, seguido de A Pide nunca existiu reflectem, no fim de contas, o modo pessoal de ser escritor que define a obra de Luiz Pacheco: a incomodidade, a irreverência crítica, a lucidez e a inteligência desperta de quem, em escritos rabiscados à pressa, nervosos e violentos, entre «dois tintos», sabe captar sempre a «verdades da vida que a todo o momento se descobre, reinventa ou rememora. Por isso, Luiz Pacheco é, para muita gente, um péssimo exemplo de ser escritor… Mas um escritor que se deve ler, que nos faz pensar, que nunca nos deixa indiferentes.

Eis a razão que ao editor importou: não deixar que alguns textos circunstanciais, mas importantes (passe o lugar comum), do autor de Literatura Comestível mergulhassem no silêncio ou ficassem nas páginas amarelecidas dos jornais onde se publicaram. E isso é tudo.» N.E.