Sob o Signo da Confusão

Sinopse

Notícias e outros estudos compostos sobre acontecimentos seculares

“Este livro esteve para chamar-se com outro nome:
Na Confusão dos Tempos e da Fortuna, porque, à luz dos acontecimentos deste conflito armado em ódios confusos e negativo em razão das inteligências, se escreveram todas estas memórias. Título de livro demasiado pomposo, dir-se-á, para forrar tão mesquinho recheio de ideias numa época em que, justamente, o seu desordenado arrumamento desorienta os Espiritos para conduzi-los à incerteza periclitante dos governos provisórios do homem a trair os Povos na insegurança perigosa do seu futuro de homens livres.
Na Confusão dos Tempos, porque interpreta afoitamente os nossos modos de ver perante tão angustiosa tormenta varrendo de corações alheios a bondade da misericórdia cristã e pondo a nu estes ruidos de danado entrechocar de mandibulas interesseiras em época inútil e de dias barulhentos no rossio das cidades; império do homem vil, afogado no mecanicismo do homem-máquina, tolerado como fera de si próprio; dominio absoluto do bezerro do ouro», a guiar os instintos para o mercado dos falsos deuses e das deusas bailarinas.
Na Confusão da Fortuna, numa actualidade confrangedoramente consagrada às rendas altas das casas e à especiosa ganancia burguesa do «black market», porque a sorte deste velho mundo, construído desde os alicerces pela Fé e nas consoladoras e honradas canseiras de esforçadas gentes, vacila, as Nações e as Familias destemperadas no bronze de antanho por falseadas ligas de fim de século, confundindo-se o destino admirável do Homem com o triste praser dos epicuristas desta ultra-geração burguesa, ultrajante no gozo e impia na desgraça, amofinada nos atropelos e faminta pelos prazeres da carne.
Portanto, sob o signo desta confusão mesquinha e estúpida se analisam estas sumidas páginas, onde não queremos enxergar ódios, mas colher ensinamento onde mostrar aos vindouros uma mais inteligente, proveitosa e atinada lição. Nos ódios se amassam as revoltas; nos factos se ilustram os merecimentos da inteligência e as delicias de horas folgadas nas leis do Espírito…” in Prefácio