Sinopse
Compêndio de História Militar e Naval de Portugal
Desde as origens do estado portucalense até o fim da dinastia bragança
“Para mais fácil explicação da matéria, dividiremos a história militar de Portugal em grandes ciclos ou épocas, correspondentes às grandes fases da sua história política, que condicionaram toda a actividade pugnaz e a própria evolução orgânica das suas instituições militares.
[…]
A Primeira Época, que vai dos meados do século XI aos começos do século XV, identificada quási totalmente com a dinastia afonsina ou borgonhesa, constitui politicamente a fase da formação territorial e orgânica da nacionalidade, caracterizando-se militarmente pela criação das milícias municipais e pelas infatigáveis lutas de conquista aos moiros e de resistência às tendências absorcionistas das vizinhas monarquias cristãs (Leão e Castela).
A Segunda Época, verdadeira fase de plenitude, absorvida pela grande empresa nacional dos descobrimentos e conquistas ultramarinas, vai dos começos do século XV aos meados do século xvi e, abrangendo toda a dinastia de Avis e a da Casa de Áustria, caracteriza-se politicamente pela expansão extra-continental da nacionalidade e, militarmente, pela natureza anfibia das suas campanhas e pelas tentativas de uma nova organização territorial – as ordenanças – sucedânea da antiga organização das milícias municipais.
A Terceira Época, dos fins do século XVII aos começos do século XIX, identificada com a primeira metade da dinastia de Bragança, é caracterizada politicamente pelas tentativas de reorganização económica da metrópole sob o regime absolutista e, militarmente, pelas lutas separatistas contra a Espanha, pelas guerras do equilíbrio europeu e pela instituição dos exércitos regulares e permanentes.
Finalmente, a Quarta Época, que abrange todo o século XIX até a primeira década do século XX, compreende os últimos reinados da dinastia de Bragança e é assinalada, politicamente, pela tumultuosa reorganização do Estado segundo as ideas democráticas da Revolução Francesa e, militarmente, pela transformação dos exércitos permanentes em semi-permanentes, pelas encarniçadas lutas civis em que se jogaram os destinos políticos da nação e, depois da pacificação do país, por um renôvo de actividade militar no Ultramar que consolidou os antigos domínios de Portugal em África.” in Introdução