O Salazarismo

Sinopse

Prefácio de Mário Soares

Não têm abundado as obras que, do crucial e longo consulado salazarista, ofereçam, como esta que agora se publica, uma visão globalizante. Aquilo que as mais das vezes se tem editado sobre o tema tem sido, ou textos memorialísticos, mais ou menos interessantes, mas sempre inquinados por uma parcialidade que dificulta a sua leitura crítica, ou um certo número de monografias sobre aspectos particulares da história do regime.
A presente edição de «O Salazarismo» de Jacques Georgel – de quem aliás Publicações Dom Quixote já em tempos publicaram uma história do franquismo – impunha-se pois como um dever de consciência, mormente para uma Editora que não deseja desligar o seu trabalho do acervo de problemas que, por herança próxima ou pelas circunstâncias do presente, afectam a comunidade nacional.
Podem os especialistas vir a considerar que o esquema geral da obra deveria ter sofrido outra sistematização ou, acaso, que também aqui houve limites impostos ao rigor expositivo e as normas de pesquisa. Nenhuma dessas hipotéticas objecções nos pareceu, contudo, poder justificar a não publicação da presente obra que, pelo menos, terá o mérito de relançar o debate sobre um tempo que para tantos parece ainda ser de difícil, quando não interdita, questionação.

“As razões profundas, culturais no sentido lato, que explicam a longa sobrevivência de salazarismo subsistem em numerosos dominios, para além das transformações políticas e sociais operadas pela Revolução dos Cravos. Daí o interesse e a actualidade deste livro que, ao descrever objectivamente uma actividade passada, fornece-nos-talvez involuntariamente algumas chaves que nos ajudam a compreender as dificuldades do presente e a abrir os olhos sobre os caminhos contraditórios que o futuro nos oferece.” por Mário Soares