Sinopse
1809 – 1814
Os exércitos aliados português e britânico que participaram na designada Guerra Peninsular, entre 1809 e 1814, eram autónomos mas interdependentes, atingindo um nível de proficiência e trabalho em conjunto absolutamente ímpar até então. A unidade de comando, potenciada pela interoperabilidade ao nível de língua e terminologia militar, foi conseguida, por um lado, através da presença de oficiais portugueses no Quartel-General de Wellington e no Corpo de Guias do Exército Aliado, e, por outro, pela presença de oficiais britânicos no quartel-general de Beresford e nos diversos escalões tácticos do Exército Português, Brigada e Regimento.
Este exército aliado integrado conseguiria resultados impossíveis de obter se os dois tivessem operado de forma independente, satisfazendo assim os interesses de ambas as nações. A Grã-Bretanha, embora com um exército bem equipado e com experiência recente de combate, não tinha dimensão humana para levar de vencida, isoladamente, os exércitos franceses na Península. Portugal não possuía recursos, materiais e financeiros, nem exército com quadros, organização, armamento e equipamento, para vencer sozinho as invasões militares a que era sujeito.
Porém, a excepcionalidade deste exército integrado foi ter conseguido implementar a capacidade de comando e de controlo unificado caracterizada pela existência de uma cadeia de comando comum; a possibilidade de coordenação das forças em campanha; a composição e a articulação das forças para combate independentemente da sua nacionalidade; a utilização de armamento e equipamento semelhantes; o apoio logístico coordenado; a utilização de tácticas, técnicas e procedimentos idênticos e, por fim, o apoio político constante dos governos das duas nações e das populações locais. Tudo isto foi conseguido mantendo-se o Exército Aliado no respeito das instituições nacionais, política, religiosa e culturalmente diferentes.