Nação e Nacionalismos

Sinopse

A cruzada nacional D. Nuno Álvares Pereira e as origens do Estado Novo – 1918-1938

“No campo dos movimentos cívicos europeus contemporâneos, a cruzada nacional d. Nuno álvares pereira detém uma singular especificidade, orgânica à vida portuguesa, que deve ser salientada. A característica elitista e «ordeira» da cruzada fez com que a sua actividade – em particular a ritualização calendarizada do culto cívico-religioso ao seu herói-símbolo, com expressão maior nas comemorações anuais da «festa da pátria», a 14 de agosto – contribuísse para uma articulação institucional entre a igreja católica, as forças armadas e a administração pública (ministérios, câmaras municipais) durante um período da vida portuguesa que foi fortemente marcado pelo confronto ideológico, pelo conflito político e pela sedição militar, permitindo o enraizamento em áreas da elite nacionalista que serão importantes segmentos da elite do estado novo, de uma imagem do poder (partilhado e negociado) como «estado de ordens».
A cruzada funcionou também para um conjunto de notabilidades fortemente polarizadas na área política militante como uma espécie de «chá de tília colocado à cabeça da pátria», na expressiva metáfora de henrique trindade coelho.
Esta função de comunicação entre elites de vários grupos políticos concorrentes – republicanos conservadores demoliberais, republicanos presidencialistas autoritários, monárquicos constitucionalistas, monárquicos integralistas, católicos centristas – foi outro importante papel político desempenhado pela cruzada na formação de sectores da elite do regime do estado novo.” in Conclusão