Mao Tsé Tung

Sinopse

“Segundo a China, hoje a classe revolucionária é o campesinato, as massas de camponeses pobres dispersas por vastos espaços nos três continentes do «Sul» agrícola. É a elas e já não aos «colarinhos brancos» do Norte industrial que se dirige o novo marxismo-leninismo. Mas o «Norte» tem interesse em saber o que se pensa do outro lado do fosso ou do rio.
Eis porque apresentamos aqui, repostas no seu contexto histórico, duzentas e setenta «páginas» dos escritos de Mao, escolhidas, seleccionadas, de entre mais de duas mil. Nelas se expurgou o pensamento de Mao Tsé-Tung de uma multidão de incidentes ou referências a personagens quase desconhecidas na Europa ou ainda de inúmeros nomes de lugares ou localidades. Foi, de certo modo, num respeito total pelo seu significado, reduzido ao essencial. Tal como o próprio Mao recomenda, «deitou-se fora a casca para conservar o grão».
Ver-se-á quanto a Revolução chinesa adquire ai todo o seu significado, poderá apreciar-se a clareza e lucidez do pensamento, a precisão e simplicidade de uma formulação carregada de imagens, por vezes pitoresca e acessível a todos. E também o sentido das realidades, do concreto, a preocupação de ver sempre as coisas tal como elas são e não como se desejaria que fossem.
Depois da leitura destes textos, e nomeadamente dos que denunciam «o estilo estereotipado no Partido», é-se levado a duvidar de que os maoístas tenham lido efectivamente as obras do presidente Mao, uma vez que aplicam tão mal o seu pensamento. Isto respeita à China. Contudo, para todos os não Chineses, o «pensamento de Mao» pode ser estimulante. Julgamos prestar um serviço à comunidade europeia tornando-o acessível ao maior número possível de leitores, «desmistificando» de algum modo uma das «personagens sagradas» ou dos gigantes do nosso tempo.” in Prefácio