Literatura dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa

Sinopse

Leitura e seleção de textos, organização, introdução e notas de M. Ema Tarracha Ferreira

“Assim se justifica a designação adoptada em epígrafe, abrangendo obras em prosa, directamente relacionadas com a Expansão portuguesa, e escritas do século XV a fins do século XVII, sendo por isso contemporâneas de alguma das três fases referidas – Navegação, Conquistas, Viagens. Redigidas, salvo raras excepções, não por escritores, mas por participantes ou testemunhas presenciais dos acontecimentos narrados, que, simultaneamente, reagem como observadores deslumbrados de outras paisagens e de outros povos, revelando permeabilidade a novas formas de cultura, estas obras identificam-se por um tema comum – a experiência ultramarina, relatada em episódios palpitantes de vida, ou transmitida por descrições que tanto reflectem o pitoresco das novas realidades como acentuam a visão épica das situações. E obedecendo a um objectivo essencialmente prático informar-, os seus autores visam atingir esta finalidade sob um duplo aspecto: satisfazer a curiosidade do europeu relativamente aos novos continentes descobertos pelos Portugueses, promovendo deste modo a intercomunicação de culturas; divulgar a gesta lusa, considerada superior à que fora realizada pelos antigos conquistadores, contribuindo, pela expressão das vivências pessoais, mas sem obediência a convenções literárias, para perpetuar em narrativas épicas os feitos que consideravam dignos da memória de um povo.
A Literatura dos Descobrimentos constitui, portanto, uma ruptura com os modelos literários herdados da Antiguidade clássica e com os cânones estéticos preconizados pelos escritores de formação humanística, sobretudo, como se referiu, os que exerceram o magistério e a teorização literária do Renascimento português – Sá de Miranda e António Ferreira.” in Introdução