Sinopse
A Europa das origens ao começo do século XIV
Segundo as descobertas mais recentes, o homem teria surgido na Terra há cerca de três milhões de anos. Os primeiros jazigos arqueológicos de utensílios encontrados no território actual da Europa remontam, talvez, a cerca de um milhão de anos. Havia que investigar a Europa, por conseguinte, a partir da Pré-História, visto que em tão longos períodos de tempo pode ter nascido uma civilização europeia muito antes da História propriamente dita. Talvez assim tenha sucedido desde cerca de 35 000 anos antes de Cristo, embora, como é natural, com a assimilação de influências externas. A partir do século v antes de Cristo encontrava-se fixada e era admitida geralmente a noção de um continente chamado Europa, diferenciado dos dois outros conhecidos: a Ásia e a África. A essência dessa noção baseia-se nos países de cultura helénica, com a «cidade», cuja forma típica é Atenas, e com a ideia de liberdade e de resistência aos Bárbaros, já praticando uma colonização e um imperialismo considerados como missão civilizadora e culminando com a acção de Alexandre Magno. Roma, cidade-Estado itálica, assimila o Helenismo e substitui a República pelo Império, unificador e uniformizador, que perdura como forma histórica ideal: a de um conjunto vasto de homens que reivindicam a liberdade sob a égide e a protecção de um chefe, que é «o primeiro», personificando o postulado do respeito pela pessoa humana na sua vida, no seu corpo e nos seus bens. Surge assim a primeira concepção dos direitos do homem. Fortalecido pela religião cristã e pelo seu agudo sentido do valor eminente da pessoa, esse ideal sobrevive ao declínio e desmoronamento do mundo romano, propaga-se com a romanização dos invasores germânicos e com a conversão dos pagãos, revive e desenvolve-se nas nações e Estados que se constituem ao longo da Idade Média na Europa cristã, com os papas e imperadores. Mas as rivalidades entre esses dois poderes, os surtos de independências nacionais contra eles, a contaminação da Igreja pelo sistema de privilégios e as crises espirituais do mundo ocidental impedem a unificação completa da Europa.