Sinopse
Edição Fac-similada
“Jorge de Lemos, natural de Goa e que ainda lá vivia em Dezembro de 1593, é um autor de cuja vida e produções literárias não se sabe muito. Foi secretário de vários vice-reis e escrivão da Fazenda da Índia, esteve uma ou mais vezes no Reino e andou também por Espanha (Valença de Aragão e Madrid), conforme se colhe no transcrito por Inocêncio de uma sua carta autógrafa, em 1860 na posse do erudito Dr. João Correia Aires de Campos, de Coimbra, que depois a publicou n’O Instituo (cf. Dicionário Bibliográfico Português, IV, p. 172-173, e XII, p. 180).
Acerca da História dos Cercos Que em Tempo de António Moniz Barreto, Governador Que Foi dos Estados da Índia, os Achéns e Jaus Puseram à Fortaleza de Malaca, Sendo Tristão Vaz da Veiga Capitão Dela, impressa em Lisboa por Manuel de Lira no ano de 1585, único escrito que Jorge de Lemos publicaria e, também, com a carta atrás referida, tudo quanto dele se conhece, diz ainda Inocêncio (ob. cit., IV, p. 172): “É obra composta com muita diligência, pelo cuidado que o autor em todo o decurso da história mostra haver posto para informar-se com exactidão dos sucessos que relata. A sua frase é pura e castigada, qualidades de que o autor se mostra em extremo zeloso e observante no seu prólogo ao leitor.” Por outro lado, as poesias laudatórias que a acompanham demonstram o apreço em que os contemporâneos de Jorge de Lemos o tiveram.
A História dos Cercos de Malaca é espécie bibliográfica muito rara, que nunca foi reeditada. Além do exemplar, em muito bom estado de conservação, da Biblioteca Nacional (Res. 430 P.), agora reproduzido, que foi de D. Francisco de Melo Manuel, só alcançamos notícia, postos de parte os mencionados por Inocêncio e referências bibliográficas de Anselmo, cujos paradeiros hoje se desconhecem, do que pertenceu a D. Manuel II e está, por seu legado, na Biblioteca do Paço Ducal da Casa de Bragança, em Vila Viçosa. Do texto, conhecem-se porém dois manuscritos, resta verificar se de todo em todo coincidentes com o impresso em 1585, um, acaso coevo do autor, existente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e já publicado, em 1877, no Arquivo Bibliográfico, da mesma cidade, o outro, numa cópia setecentista, na Biblioteca Pública de Évora.” in Nota Introdutória por Pedro da Silveira