Sinopse
Esta história das idéias políticas apresenta deliberadamente um caráter particular. Não tendo como objeto um saber prático, estritamente delimitado, não poderia ser uma justaposição de fichas memotécnicas sobre os grandes autores ou as obras mais importantes. Em vez de uma sucessão de informações, optou-se por uma reflexão de conjunto.
O apoio mais eficaz da memória é a compreensão: para compreender, por exemplo, o bolchevismo, será que basta saber que Trotski, originariamente manchevique, aproximou-se de Lenin, e que, ambos marxistas, dirigiram com êxito uma insurreição em 1917? Não é mais útil descobrir que, em 1905, Trotski adotou uma concepção ditatorial da revolução, defendendo ao mesmo tempo uma organização democrática do partido, enquanto Lenin defendia um partido militarizado, mas uma “ditadura democrática”? E que, em 1917, Trotski aderiu à concepção leninista do partido e Lenin à concepção trotskista da revolução? Que o acordo, portanto, de um lado e de outro, foi feito em torno da escolha da “solução ditatorial” em detrimento da “solução democrática”? Isso não pode ser exposto sem referência aos textos, às citações quando necessárias, e ao conteúdo das argumentações, que são eles mesmos função do contexto histórico.
O presente trabalho se esforça para sistematizar de modo claro as principais doutrinas que marcaram o desenvolvimento do pensamento político, de Platão a Mao e de Aristóteles a Foucault, agrupando-as em capítulos cujos títulos já são significativos das emergências conceituais que desempenharam um papel decisivo no devir político das sociedades: o Príncipe-Estado, o Estado-Nação, o Estado-Sociedade, o Estado-Gerente, o Estado-Partido, o Estado-Força, a Nação-Estado, o Estado-Cientista, finalizando com o Estado em Questão, no qual se aprofunda a análise das questões do totalitarismo, da história, do poder e do próprio Estado.