Sinopse
Fernando Pessoa (1888-1935) é mais popular do que se pensa. E no Brasil tanto quanto em Portugal, terra do poeta. Muitas pessoas sabem seus versos de cor, mencionando-os como se fossem axiomas – e mesmo desconhecendo o autor. Ficou assim como uma pátria comum, de domínio público. Ouvi – uma vez – alguém afirmar que “o poeta é um fingidor”. Assim mesmo, colocando um ponto final depois de fingidor, como se isso fosse uma definição e não pertencesse a um poema. Quem citou, provavelmente não conhecia o poeta, mas o verso apenas.
A poesia de Fernando Pessoa, por exemplo, conhece o palco do Canecão, no Rio, através dos shows de Maria Bethânia e Caetano Veloso. E na televisão, mais precisamente na novela da TV Globo “Baila Comigo”, do mesmo Manoel Carlos que assina este trabalho, a poesia de Pessoa percorreu o Brasil inteiro, chegou a milhões de pessoas, dita pelo personagem João Victor, um dos gêmeos interpretado por Tony Ramos. O Departamento de Atendimento ao Telespectador, da Globo, recebia numerosa correspondência de gente perguntando a que poema pertencia determinado verso citado na novela; ou de que livro constava, etc., etc. Só com esses dois exemplos ilustra-se bem a popularidade do poeta. E ao lado disso, com constância, a poesia de Pessoa é fonte de inesgotáveis trabalhos que tentam decifrá-lo, compreendê-lo – analisá-lo à luz até mesmo da ciência, sem contudo deixar de amá-lo em sua contemporaneidade.
Com o presente trabalho pretende-se difundir, ainda mais, a poesia de Fernando Pessoa. Nas escolas. Entre os grupos amadores de teatro. E entre os profissionais também. Temos a certeza que vai encantar qualquer tipo de plateia.
“No palco, quatro banquetas e uma tela para projeção de filmes e “slides” que poderão ilustrar o espetáculo, caso o realizador assim deseje. Para isso existem fotos, documentos, manuscritos, que a qualquer momento poderão ser incorporados a este roteiro. A idéia, no entanto, é apresentar um espetáculo de câmara, centrado na palavra, acima de todos os artifícios, ainda que funcionais. E que essa feitura simples, despojada, seja acessível a grupos amadores, estudantes, pessoas enfim interessadas num convívio com o grande poeta. O mesmo acontece com som, podendo-se utilizar guitarras portuguesas, bem ao gosto popular, alternadas com música erudita, ou simplesmente deixar, como único som, as diversas vozes do poeta. Nada disso se proibe ou se exige. Sempre que o JOGRAL aparecer com o nome cercado é a voz em prosa de Fernando Pessoa. PAUSA, no roteiro, indica, na verdade, um “black-out” de alguns segundos apenas.” MC. Rio, 1985