Sinopse
Ensaios sobre Desobediência, Guerra e Cidadania
Segundo a teoria política liberal, na formulação do filósofo inglês John Locke, assiste a qualquer cidadão oprimido pelos governantes o direito de desobedecer-lhes. Na verdade, contudo, esse é um direito que os indivíduos não reivindicam com freqüência. Através da História, quando os homens desobedeceram ou se rebelaram, fizeram-no, geralmente, como membros de grupos, e afirmaram que foram obrigados a desobedecer, não apenas que eram livres para fazê-lo.
É a partir dessa perspectiva que o autor deste livro examina o leque de obrigações que tem cada um de nós: para consigo mesmo, para com sua família e seus amigos, para com a sociedade e o governo, para com o mundo. E ele demonstra, repetidas vezes, que numa sociedade justa as obrigações do cidadão para com seu país devem ser equilibradas pelas obrigações do governo em relação ao cidadão. Isso se traduz por tolerância quanto às minorias, respeito à consciência individual, e uma justiça humanizada. Quando se rompe essa relação de mútuas obrigações, entra em perigo a própria estabilidade da sociedade.
Analisando as estruturas das sociedades e dos governos modernos, o Professor Walzer conclui que a melhor maneira de um cidadão assegurar que as autoridades cumprirão sua parte do acordo social é juntar suas forças às de outros, formando grupos. Assim agindo, o indivíduo recebe proteção e reparte as tarefas de mandar e ser mandado não a despeito da pluralidade dos membros de seu grupo, mas em razão dela. De outra forma, o cidadão pode até acreditar que o Estado lhe pertence, mas não possui maneiras de afetar o seu curso.
Através dos vários ensaios que compõem o livro, o Professor Walzer examina, à luz de uma perspectiva atual, as teorias de pensadores como Aristóteles, Hobbes, Locke e Rousseau, questionando, por vezes, a doutrina de cada um deles, de outras adicionando-lhes o seu endosso. Dentre os muitos assuntos de que trata, estão a objeção à guerra por motivo de consciência, a desobediência civil, o patriotismo, a responsabilidade dos intelectuais e a obrigação de morrer (ou viver) pelo Estado. Assim, os que se interessam pelas questões fundamentais do Direito e da Política encontrarão aqui novos e valiosos insights para esses problemas, a maioria dos quais vem preocupando, há séculos, aqueles que se ocupam do Homem e de sua posição na sociedade que criou para si.