Sinopse
“Na realidade, reunindo trabalhos diversos, em ordem cronológica de acordo com a natureza de cada um, não pretende o autor outra coisa que apresentar o seu testemunho, em forma objetiva, do que tem sido a luta do povo brasileiro e de outros povos pela sua autodeterminação. Muitas vêzes esta luta se inicia romântica, ou indecisa, imperceptível, e se perde para o observador póstero no roldão de fatos pretéritos. Mas, através de avanços e recuos, ela se projeta no tempo, realçando episódios, às vêzes controversos, às vêzes indiscutíveis, sempre no sentido de seu maior ascenso e completa realização. Nada mais próprio de um povo de que o seu desejo de independência, e é tão arraigado no próprio ser humano coletivo êste sentimento, que nada o vence em definitivo.
No Brasil a luta pela autodeterminação começou com os primeiros levantes nativistas, nos tempos de iuri coloniais. A bem dizer teve origem nos próprios conselhos municipais da época, quando eram excluídos do direito de voto dos estrangeiros, inclusive portuguêses. Passou, além de por inúmeras outras, pela epopéia legendária, profundamente humana, cívica e viril, da «inconfidência mineira». Depois atravessou todo o império e a república, repontando-se de quando em vez para reaparecer mais firme na questão da Itabira Iron, em princípios da década de 1920-1930, firmando-se em seguida, cada vez mais e assumindo aspectos deprimentes por um lado e de outro lado épicos na questão do petróleo.
É tudo isto, embora em rápidas passagens, o que revela êste livro. Em alguns pontos pode parecer que se refere a pessoas; mas, na realidade, só cogita de assuntos, embora diversos, todos êle relacionados com o problema fundamental da autodeterminação, que está indissolùvelmente entreligada em relação a todos os povos.
É pelo estudo e fortalecimento da independência ou das lutas de cada um que se pode chegar às lutas ou independências de todos. E êste porvir é o que se acena para futuro próximo.” in Introdução