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D. João II

de: Luís Adão da Fonseca

Sinopse

Nascido em Maio de 1455, D. João é filho de D. Afonso Ve de sua mulher, D. Isabel de Urgel. Pelo lado paterno, é neto de D. Duarte. Neto e sobrinho-neto da chamada «Geração de Avis», casa com sua prima D. Leonor, filha do infante D. Fernando, irmão de D. Afonso V.
A primeira intervenção pública de D. João, ainda príncipe herdeiro, data de 1471. Ao lado do pai, participa na conquista de Arzila. Poucos anos depois, tem um papel activo na campanha castelhana de D. Afonso V, sendo conhecido o seu papel na Batalha de Toro, em 1476. Em 1481, sobe ao trono. Em Novembro deste mesmo ano, tem lugar as Cortes de Évora, as quais – pelo que representam em termos de afirmação do poder régio – constituem um acontecimento fundamental do reinado.
Ao mesmo tempo, beneficiando do acordo luso-castelhano das Alcáçovas-Toledo (1479-1480), sucedem-se os marcos na exploração do Atlántico: fundação da fortaleza de São Jorge da Mina, viagens de Diogo Cão, expedição de Bartolomeu Dias ao extremo sul de África.
No inicio da década dos anos 90, D. João II conhece sérias dificuldades: a morte de D. Afonso, o principe herdeiro, em meados de 1491, abre uma crise de sucessão que em muito debilita a posição do monarca; a viagem de Colombo as Antilhas, em 1492, provoca o aparecimento de problemas no relacionamento com Castela que so se resolverão em 1494 com a assinatura do Tratado de Tordesilhas. Nesse momento, fragilizado e doente, o monarca aproxima-se do final do seu reinado. Morre no Algarve, em Outubro de 1495.
Embora tenha governado relativamente pouco tempo (entre 1481 e 1495), D. João II ocupa um lugar fundamental na história portuguesa da transição dos tempos medievais para os modernos. Analisados de perto, comprova-se terem sido anos pouco pacificos, com graves conflitos internos e externos, que chegam mesmo a dividir a própria família real. Os êxitos de algumas expedições maritimas e das negociações diplomáticas com elas relacionadas não devem, no entanto, fazer-nos esquecer que, no plano da política interna, com o inesperado falecimento do herdeiro D. Afonso, D. João II acaba por se encontrar numa situação sem saída.
De qualquer modo, o rei tem uma imagem bem enraizada na recordação dos Portugueses. Os contornos desta imagem nem sempre coincidem totalmente com a realidade, mas resultam de rasgos e de circunstâncias que, relacionados com a sua figura, têm razão de ser. Além disso, alguns dos problemas que o monarca tem de enfrentar, pela sua dimensão e implicações, correspondem a vectores fulcrais da nossa experiência colectiva, pelo que as soluções encontradas condicionarão por muito tempo a história posterior.
Assim, compreende-se que D. João II seja, de facto, um dos nomes determinantes da memória lusitana.

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