Sinopse
A Via Media na Teoria das Relações Internacionais de Adriano Moreira
Em Adriano Moreira, teorizador relutante, cristãos e pimenta é metáfora e ponto de partida para compreender a política das relações internacionais: o ‘internacional’ como esfera de sociabilidade marcada pelo sincretismo de interesses e valores, guerra e paz, ordem e contingência, consentimento e imposição, a sociedade internacional a caminho de um qualquer modelo comunitário mas também a disfunção recorrente da sua ‘vida habitual’. Anarquia, sociedade de estados ou comunidade global, o elemento dramático parece então residir no jogo de forças que sempre “depende da intervenção voluntarista de homens agindo em função das suas matrizes valorativas, objectivos e percepções”. A resposta do marinheiro de Vasco da Gama nas praias de Calecute sobre o que haviam ido buscar tão longe serve assim para ilustrar, e aderir, ao sincretismo de uma tradição política racionalista concebida como via media entre realismo e idealismo.
Marcos Farias Ferreira
Do índice de matérias:
Apresentação
Prefácio
Prólogo
De Lisboa a Aberystwyth e retorno [percursos e opções]
Introdução
«E perguntaram-lhe o que vínhamos buscar tão longe.» […]
1. A teoria das relações internacionais no âmbito da filosofia das ciências sociais
Modernidade, ciência e conhecimento: ‘ansiedades cartesianas’?
Modernidade, pós-modernidade e ciências sociais: entre a construção e a desconstrução do ‘social’
As diferentes problemáticas em torno de uma ciência do ‘social’
As diferentes configurações do positivismo em Relações Internacionais
Duas histórias diferentes para contar: explicar ou compreender as relações internacionais?
2. A historiografia das Relações Internacionais: ‘debate’ recorrente entre realismo e idealismo
Disciplinar a disciplina com base na teoria: a busca da identidade das Relações Internacionais
Como teorizar as relações internacionais: a lógica discursiva interna e os factores externos
Ontologia, epistemologia e paradigmas: a viabilidade do critério kuhniano
Mudanças de paradigma e ‘grandes debates’: dos fundamentos ao antifundacionismo
A persistência de uma ideia fundadora na historiografia das Relações Internacionais
Realismo e idealismo: a heterogeneidade dialógica da realidade
Uma disciplina em crise: a redescoberta da natureza e do locus da política
A vingança de Leibniz: as Relações Internacionais como disciplina das disciplinas sociais
3. A ontologia e a epistemologia ‘tradicionalistas’: uma via entre materialismo e idealismo
Segundo ‘grande debate’: disputa entre behaviourismo e tradicionalismo
A escola inglesa e a recuperação da tradição da sociedade internacional
A especificidade da escola inglesa no panorama da disciplina académica de Relações Internacionais
A tensão dialógica inerente à ordem internacional: entre sociedade e comunidade
Duas famílias de respostas ao ‘problema da ordem’: em torno da abordagem de N. J. Rengger
O debate entre tradições: metodologia ou mitologia?
Dos dois problemas praxiológicos de Raymond Aron à concepção de razão dialógica
Adriano Moreira: interlocutor no debate entre Raymond Aron e Jacques Maritain
4. O tempo tríbulo da sociabilidade: construtivismo embrionário e ontologias sociais
O domínio do ‘ideacional’ e a racionalidade da ontologia internacional
O horizonte teleológico e moral da sociabilidade
Entre Grotius, Vitoria e Suárez: direito natural, sociabilidade e tradição grotiana
O regresso a uma teoria clássica do direito natural: o passivo da globalização e o ‘regresso do divino’ à vida internacional
Uma teoria construtivista de terceira imagem assente em ontologias sociais
Uma teorização que acomoda a possibilidade da mudança sistémica
Conclusão
Contingência, sincretismo e razoabilidade [ou a Universidade sem condição]
Bibliografia
Obras de Adriano Moreira
Monografias
Artigos em revistas com referee
Artigos em compilações e contribuições para obras colectivas