Sinopse
Séculos XV-XVIII
Rumos do Mundo – Vol. X
Civilização Material E Capitalismo: eis-nos no âmago de uma época próxima de nós no tempo, mas já longinqua se considerarmos as profundas transformações que afectaram a existência humana entre os séculos XV e XVIII.
Logo de entrada, os homens, escassos ainda mas cujo número se viu dobrado pelo menos no decurso destes quatro séculos: incremento demográfico com frequência dramático, porque o número dos quinhões a distribuir aumentou mais ràpidamente do que a quantidade de bens a partilhar. Estes bens diversos, significativos de civilização, seguimo-los na Europa e através de todo o globo, na Africa Negra, no Extremo-Oriente, nessa América dos primórdios da era colonial, e isto quer se trate de uma vida elementar e monótona-o nível zero da história-quer das excepções esplendorosas do luxo e do privilégio que, por contraste, iluminam brutalmente a massa dos humildes. Na própria base da existência a alimentação- encontramos a divisão das civilizações: os que comem trigo, arroz ou milho maiz; os que se alimentam de carne e de pão, esse precioso pão do Ocidente com as suas inúmeras variantes. Quadro com sombras ameaçadoras: as fomes (em que o povo vê «a mão de Deus a castigar a terra»), seguidas dos seus corolários, as epidemias, a peste e suas hecatombes.
À medida que voltamos as páginas, quantos pormenores a restituir-nos a vida quotidiana: o vinho e o álcool, o papel dos «dopantes» (chocolate, chá, café, tabaco), a casa e o mobiliário, o vestuário e a sua significação universal (na China, por exemplo, o cinto e os bordados revelam logo a categoria da personagem) e as mil dissonâncias de um luxo que nada tem que ver com o conforto: numa residência principesca, eis que vemos o imperador Maximiliano I a comer com os dedos, pois o garfo ainda é desconhecido.
Por fim, temos as técnicas, tão lentas a aperfeiçoarem-se. A moeda, vinda de longinquo passado: tema que poderia parecer árido, na realidade fascinante. São-nos apresentadas as cidades do Oriente e do Ocidente, formigueiros tumultuosos, egoistas. Assim acaba o primeiro tomo deste díptico, de que o segundo será consagrado ao capitalismo.
Fresco monumental, traçado com o rigor da pesquisa histórica num estilo aliciante de visualista, e sob o qual corre o frémito de generosos anseios.
Desencantadas tanta vez de arquivos até aqui inexplorados, umas duas centenas de ilustrações: extra-textos a cores e a dois tons, desenhos, mapas e gráficos evocam de maneira eloquente as flutuações da vida material durante estes quatro séculos.
