Sinopse
Edição Fac-similada
“Do autor desta carta ao rei D. Sebastião, Gonçalo Dias de Carvalho, pouco rezam as crónicas. A Biblioteca Lusitana de Diogo Barbosa Machado, no seu tomo II, refere-o como sendo natural da Villa de Guimarães, no Arcebispado de Braga. Estudou na Universidade de Coimbra a Ciência da Jurisprudência, desempenhou o cargo de desembargador da Casa da Suplicação e foi deputado da Mesa da Consciência e Ordens. Faleceu em Lisboa a 25 de Outubro de 1598 e está sepultado no convento de S. Francisco de Guimarães.
É autor, além desta carta, em português, dirigida a el-rei D. Sebastião, impressa em Lisboa por Francisco Correa, em 1557, de um tratado em latim em que trata a célebre questão “Quare via impiorum prosperantur?”, segundo as palavras de Jeremias, cap. 12.
Da edição da carta existem apenas dois exemplares conhecidos: um em Vila Viçosa (D. Manuel, 306) e o outro na Bibliotena Nacional (RES. 83 V.). Vem descrita na Bibliografia das Obras Impressas em Portugal no séc. XVI, de A. J. Anselmo, Lisboa, 1928, sob o n.º 468.
Da época em que foi escrita, da pessoa do rei a quem se dirige e do ambiente socio-político em que se integra, pelo contrário, muito haveria a dizer. A carta data de 1557 – três anos depois do nascimento do Príncipe tão desejado pelo povo português. Com efeito, este século, sob o ponto de vista sócio-económico e político, assistiu às fortes tensões a que se vêem sujeitos os impérios, nas suas fases cíclicas de crescimento, apogeu e declínio. Os primeiros trinta anos do século XVI marcam o confronto entre o império turco e o de Carlos V, na Europa Central e no Mediterrâneo, enquanto no Índico o otomano entra em choque com o império português. Simultaneamente surgem as crises agudas de crescimento económico, agravadas no período de 1545 a 1552, em que a extraordinária crise da economia internacional conduz “a uma viragem de estrutura da economia portuguesa”.” in Introdução por Maria Luísa Couto-Soares