Camarate – a Verdade Não Prescreve

Sinopse

“(…) Não me restam dúvidas sobre o facto de Camarate ter sido um atentado.
(…) Não tenho os nomes dos autores morais de Camarate. Sobre eles, tenho apenas duas certezas: são militares e políticos, e estavam – estarão ainda, muito provavelmente envolvidos em negócios ilícitos. (…) Não me restam grandes dúvidas de que os militares e políticos que mandaram matar Adelino Amaro da Costa e Sá Carneiro(…) estavam no poder. Tinham poder e tinham amigos poderosos, como fica bem expresso por estes quinze anos de hesitações e encobrimentos.
(…) Ramalho Eanes sempre reagiu contra as insinuações de que alguém do “seu” grupo estaria, de facto, ligado ao atentado cometido em 1980.
(…) Depois, há as cumplicidades subsequentes. Lucas Pires, tenho hoje a certeza, foi mesmo avisado de que se estava a preparar um atentado. Admito que o antigo dirigente do CDS não tenha dado crédito a esse aviso. Não admito, porém, que verificado o caso nada tenha dito. Se, em 1981, Lucas Pires e outras pessoas tivessem dito o que sabiam, provavelmente os autores morais do crime estariam ainda hoje na cadeia. E Portugal não assistiria a este imenso espectáculo de impunidade.
Custa-me que o Ministério Público não veja ou não queira ver. Custa-me que o Estado se faça cego. Porque a Justiça é cega. Mas julga.” por Inês Serra Lopes