Sinopse
Tradução de Gilda de Mello e Souza
«Este livro, uma síntese dos cursos proferidos pelo ilustre mestre francês ROGER BASTIDE na Universidade de São Paulo, foi originalmente escrito de modo a servir a múltiplos fins. Sem dúvida, estudantes e professores de sociologia encontraram na obra uma introdução magistral ao campo da sociologia estética. Todavia, as contribuições do livro mostraram-se igualmente importantes em dois outros níveis: primeiro, como um ponto de chegada de várias correntes da investigação estética, sociológicas ou não, que possuíam (e ainda possuem) importância definida na compreensão e na interpretação das relações da arte com a vida humana em sociedade; segundo, como o ponto de partida de novas indagações, que tomam à sociologia critérios de interpretação ou de avaliação que permitem refundir o entendimento do que é estético e recolocar toda a problemática (não apenas sociológica) das “funções” e “condições” sociais da arte. Em ambos os níveis as contribuições da obra foram tão marcantes que o próprio Roger Bastide vê-se forçado a reconhecer, apesar de sua extrema e irredutível modéstia, que fora “um pioneiro da nova sociologia da arte”.
Portanto, um quarto de século se passou, sem tirar de Arte e Sociedade seu viço intelectual, sua importância didática e seu valor científico. É um livro que liga o sociólogo e o professor de sociologia com o mundo imediato da inteligência criadora, com o debate filosófico e com o sentido puro da afirmação do intelectual por suas obras. Durante esse quarto de século, o meio brasileiro conheceu transformações que aumentaram o interesse por esse pequeno mas brilhante ensaio que, se marcou época, hoje se torna necessário, como uma complexa resposta aos dilemas do pensamento produtivo e crítico no Brasil de nossos dias.
Esta segunda edição sai ligeiramente enriquecida. As alterações feitas atualizaram o livro, ajustando-o quer a desdobramentos posteriores da reflexão estética, quer às próprias modificações do espírito científico na sociologia. Por sua vez, graças à colaboração dedicada de Gilda de Mello e Souza, sua versão literária foi aprimorada aqui ou ali, onde parecesse mais recomendável. Por fim, alguns cortes evidenciam a adaptação do Autor ao que é essencial em sua obra, aceitando que ela lhe imponha a sua própria lógica, de uma obra clássica, a um tempo, em duas sociologias, a da França e a do Brasil.»