Sinopse
“Muxima é um Santuário Mariano na estrada de Luanda a Malange, debruçado sobre o río Cuanza. É, ao mesmo tempo, altar e bênção de Nossa Senhora para o povo mártir de Angola, que ali acorre, ou, senão podem fazer viagem, escrevem para a Muximiminha, com caixa de correio no santuário, a colocarem os seus problemas pessoais, voltando a agradecer favores ou, então, a protestar, veementemente, contra a Senhora, caso não sejam atendidos. Como o foi para muitos contingentes de soldados portugueses, em comissão de serviço, que por ali passaram, em epílogo de guerra, a agradecer o dom da vida e a recordar seus mortos.
Desde 1961, Angola procura a independência, através de caminhos difíceis, entre traições e miséria, por isso mesmo, as almas crentes de angolanos e portugueses olham, por entre dores e lágrimas, para a Muxima como esperança máxima da Paz e porto seguro de Liberdade, não confiando mais nos homens dos «Acordos»!
Na aventura ousada do serviço da Paz estiveram centenas de sacerdores, capelães militares, que, na sua missão pacificadora, no meio do conflito da guerra ultramarina, foram escrevendo no coração, na memória e na alma, páginas únicas de sangue e suor, de confiança e alegria, de perdão e amor, para que, no Livro da Vida Eterna, se inscrevessem os nomes de quantos caíram em combate.
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Ao longo de XXI capítulos, densos e emocionantes, o autor delicia-nos com belíssimas descrições da paisagem africana permitindo que, os olhos marejados de ternura e de lágrimas pelos gestos heróicos de tantos mártires do dever, se espraiem, graciosamente, em horizontes incomensuráveis, de cores quentes e variadas.
O livro que todos temos em mão não se reduz a um mero testemunho nem se limita a ser um texto dum diário de guerra. É uma peregrinação com o povo angolano a Muxima, na tentativa de unir a História e a Fé de dois povos irmãos. Assinalada, aqui e além, com alguns nomes, acontecimentos e dramas, deixando ficar, por entre-linhas e reticências, muitas e muitas vidas sem nome nem história, perdidas para sempre na imensidão do capim e da floresta virgem.”