África do Sul – História de uma Crise

Sinopse

Esperava-se que o fogo da guerrilha incendiasse as fronteiras: o incêndio destroçava o próprio coração do “poder mestiço” na África Austral. Em 16 de Junho de 1976, os estudantes liceais de Soweto, organizados clandestinamente pelos movimentos da “Consciência Negra”, pretendem manifestar-se publicamente contra o projecto governamental de reforma escolar. A polícia dispara. É a amotinação.
Toda a gente julgava que o espírito de revolta sufocado após a tremenda noite que acompanhou o massacre de Sharpeville (21 de Março de 1960) tinha desaparecido em toda a África do Sul. Mas ressuscitou com um vigor e uma violência desconhecidas desde o fim das guerras coloniais. Os manifestantes não fogem diante das forças da ordem: enfrentam-nas. Soweto, duas vezes mais povoada que a arrogante Joanesburgo, o mais “rico” de todos os “ghettos” africanos, não destrói apenas o que simboliza a opressão, mas também uma submissão que se julgava aceite. Os motins estendem-se em seguida a todos os “ghettos” sul-africanos, atingem mesmo alguns Bantustões e congregam numa mesma revolta todos aqueles que pejorativamente se classificam como “não-brancos” e agitam assim as barreirassque o opressor ergueu pacientemente entre as múltiplas “nações” negras, os africanos, os mestiços, os indianos: dividir para melhor reinar. Em Agosto, finalmente, e por duas vezes, os oprimidos demonstram a sua força e a consciência que passam a ter dessa força: a greve geral paraliza a máquina económica branca.