Heinz Abosch nasce em 5 de Janeiro de 1918 em Magdeburgo na Alemanha. Em 1933, em consequência do advento do nazismo, os pais viram-se forçados a abandonar o país. Continuou os estudos em Estrasburgo e Paris até 1936. Muito jovem ainda, começou a escrever os seus primeiros artigos em jornais da emigração alemã e a tomar parte na actividade política desses grupos. Durante a guerra participou na Resistência em França e, preso pela Gestapo em 1944, conseguiu evadir-se de um comboio de deportados. Finda a guerra, fixou-se em Paris, colaborando em diversos jornais franceses alemães, e vive desde 1956 na República Federal da Alemanha. Perito em assuntos políticos e sociológicos, colabora regularmente em revistas de importância mundial, como The Nation, Les Temps Modernes, Mondo Nuoro, e várias outras publicações do seu país.
Em A Alemanha sem Milagre o autor faz uma autopsia (que se poderia dizer implacável se não fosse historicamente rigorosa e exacta) da Alemanha Federal, de 1945 até, praticamente, aos nossos dias, análise das origens sociológicas, políticas e económicas do decantado “milagre alemão” – mitologia que tem servido para mascarar uma realidade menos lisonjeira do que a que se patenteia através dos resultados infatigavelmente postos em evidência do boom económico que, escassos anos após a derrota e a ruína, lançou a Alemanha Federal novamente para a cabeça das nações super industrializadas e mais prósperas do mundo. É que, por detrás deste «milagre», aparente e ilusório, ocultam-se os mecanismos de uma sociedade perigosamente à mercê dos mitos monstruosos do passado, e a que recentes acontecimentos conferem dramática validade. Os capítulos da obra sobre Adenauer, o exército e os seus objectivos políticos, a cultura (indústria de cultura), vêm avivar inquietantes paralelos com a imagem de uma Alemanha imperialista e agressora, de que os povos da Europa conservam trágica recordação. Em suma, o perfil da Alemanha que ressalta deste livro assemelha-se bem pouco àquele que a propaganda oficial se esforça por consagrar.